O carnaval terminou, passou.. só não em Peri Mirim.

O carnaval tocou sua corneta em todo o país, movimentou cidades, ruas e praças; jogou confetes e lançou perfume; encheu avenidas, pintou caras, aqueceu o comércio... - e mesmo em tempo de crise mundial nada foi capaz de emperrar as rodas dos carros alegóricos dos desfiles Brasil à fora.

O carnaval passou, mas chega a manhã de ressaca em que a gente se dá conta que o carnaval se foi.

É hora de ver o que sobrou na carteira e comprar um chá de boldo para o fígado se recuperar - afinal ninguém é movido a álcool..

Passou. O barulho silenciou e só ficou o zumbido no fundo do ouvido!

Tudo na vida passa, até o carnaval, mas.. passou mesmo??

Não! Há um lugar onde carnaval ainda não terminou: Em Peri Mirim!

Como dizia a música, ''..é 20 (vinte) pra todo lado...'', de fato, é vinte pra todo o lado, explico:

É que quem deveria governar a cidade delegou o governo pra 20, talvez até pra mais. Ninguém sabe quem manda ali. Um manda, outro manda desmandar; e quem mandou, vai mandar desmandar o desmando?? hein? o quê? já não dá pra entender - é carnaval minha gente!!

O partido se parte cada vez mais em pedacinhos, será de confetes pra animar a festa?

Mas me respondam uma coisa: quem administra mesmo?

Uns dizem que é o prefeito; outros alegam ser o ex-prefeito. Há ainda quem defende que quem maneja a gerência é tio, o sobrinho, o genro, a mulher, o avô, o avião, o cachorro, o papagaio..

Eu já não sei.

E afinal de contas, porque o império romano, rico e própero prostrou-se sem invasão alguma que lhe sobreviesse e jungisse sua face ao opaco? Porque vergou o reinado de Rômulo Augusto, último imperador romano sem nenhuma incursão militar bárbara?

Mas há quem insista que o fim de Roma se deu por causa de invasões dos povos Hunos, Godos, Bugúndios, etc..; eu porém digo o contrário: Roma caiu não por martelos a fragmentar seus largos muros; nem caiu em cinzas por meio das flechas em chamas oriundas de hábeis arqueiros como os povos Francos, NÃO!

Na verdade Roma caiu devido um sopro dos povos Anglos; caiu sob um suspiro apenas dos Ostrogodos, um piscar de olhos dos Saxões.. pois a verdadeira queda demonstrou-se em seu próprio centro, em sua largura desmedida, em sua ilimitada limitação. A metástase que se espalhou pelo império era raiz do broto cancerígeno que havia dentro dos ambientes políticos daquela conjuntura.

Não que a política de Peri Mirim seja igualável ao império de Roma, mas ao que tudo indica, a queda já está caída ao equivalente.

Mas por favor, não custa tentar novamente, quem governa mesmo em Peri Mirim? Alguém sabe me dizer?

O carnaval, como dito, ainda não passou; por outro lado, o hospital parou; não tem radiografia nem pra um dedo quebrado. As rodas dos carros públicos - que não são os carros alegóricos - estas sim, estão emperradas; salários estão atrasados; a educação ainda não viu um livro no farol da educação; leis orçamentárias que contradizem princípios constitucionais; Lei Orgânica que enuncia preceitos inconstitucionais; serviços contratados sem licitação; governo sem ação.. e o pobre só com a miséria sem seu ganha pão!

Na verdade, nada que não fora prenunciado em tempos não muito distantes: Porque esperaríamos água doce de uma fonte que só jorra águas amargas?

Os muros de Peri Mirim estão intactos, suas estruturas e suas formalidades. A fragmentação progressiva que atinge a cidade não é física ( como se deu em Roma no seu estágio final e decorrente das razões já expostas), é substancial, é moral, é ideológica e transcende toda aparência construída pelas formalidades, por mais engenhosa que seja, por mais opulente que se exiba.

A maior de todas as des-construções é aquela construção - ainda que maior de todas - feita sobre alicerce de pau, areia e barro.

Até quando? Não sei, só sei que todo carnaval um dia termina, e essa folia em Peri Mirim tem prazo pra acabar.